13 de setembro de 2009

Série DST: AIDS - a doença que causa deficiência imunológica

A sigla AIDS, quer dizer em inglês Acquired Immunodeficiency Syndrome, ou seja, síndrome da imunodeficiência adquirida, por isso, em países latinos costuma-se utilizar a sigla SIDA.

Embora seja incluída nas DSTs, a AIDS, também apresenta outras vias de contaminação que não seja por contato sexual.

O agente infeccioso desta doença é um vírus, o HIV (Human Immunodeficiency Vírus), que em português significa vírus da imunodeficiência humana. Este vírus pode ser de dois tipos HIV-1 e HIV-2.






Vírus HIV

A doença


O HIV é transmitido quando as mucosas (tecido que reveste os órgãos por dentro) da boca, do reto ou da vagina ficam expostas no ato sexual, ou seja, quando se mantem relações sexuais sem o uso de preservativo.

Outras formas de contaminação são:

- introdução direta nas veias por transfusão de sangue e outros componentes sanguíneos contaminados e utilização de materiais perfuro-cortantes contaminados (injeções, lâminas);
- amamentação;
- circulação sanguínea mãe-filho na gestação.

O vírus infecta células importantíssimas para a defesa do organismo humano, os linfócitos T, com receptores CD4 que conseguem identificar o vírus HIV (células T CD4) e os macrófagos.

O desenvolvimento da doença após a infecção pode variar de pessoa para pessoa. Esta infecção é medida justamente pela quantidade de células T CD4 no plasma sanguíneo, caso a quantidade seja inferior a 200 células/mm³ pode partir de uma infecção aguda (quando o indivíduo é portador do vírus, ou seja, HIV positivo, mas não apresenta sintomas) para AIDS (a doença propriamente dita) e posteriormente a morte. Este intervalo pode ser rápido, como em seis meses, para o surgimento dos sintomas, como levar alguns anos, foi relatado um caso que levou 25 anos para o desenvolvimento dos sintomas.

Órgãos Linfóides
Os estágios da infecção por HIV sem tratamento

1. Infecção primária;
2. Propagação para órgãos linfóides (órgãos que produzem linfócitos, como baço, amídalas e gânglios linfáticos);
3. Latência clínica (sem sintomas);
4. Replicação elevada do HIV (imensa queda da quantidade de células T CD4, no organismo);
5. Doença clínica (AIDS);
6. Morte.

Sem tratamento, a duração média entre a infecção primária e o desenvolvimento para doença clínica é de dez anos. E após o aparecimento da AIDS, a morte ocorre em dois anos.


Análises dos períodos

- De 8 a 12 semanas após a infecção primária: ocorre a replicação viral e pode-se detectar o vírus na circulação (viremia). O HIV se propaga pelo organismo e coloniza os órgãos linfóides. O número de células T CD4 pode diminuir bastante nesta fase, contudo entre a primeira semana e o terceiro mês após a infecção, o sistema imune consegue diminuir a viremia (presença de vírus na circulação) e recuperar a quantidade de células T CD4. A imunidade não consegue eliminar todos os vírus e as células infectadas pelo HIV permanecem nos linfonodos (nódulos situados no trajeto dos vasos linfáticos).

- Latência clínica e elevação do número de vírus: neste período ocorre a replicação viral em altos níveis, estimando que sejam produzidas e destruídas cerca de 10 bilhões de partículas virais de HIV por dia (chama-se partícula viral por conta do vírus neste momento não estar dentro da célula e sim no plasma sanguíneo). O HIV dura 6 horas no plasma sanguíneo e seu ciclo de replicação (desde a infecção na célula até a liberação dos vírus replicados) leva cerca de dois dias e meio (2,6 dias). Contudo a célula T CD4 após ser infectada pelo vírus dura em média 1,6 dia.

- Surgimento dos primeiros sintomas: a deficiência imunológica do paciente gera o aparecimento de doenças oportunistas, justamente pela baixa concentração de células de defesa do organismo. Os níveis de HIV no plasma sanguíneo se elevam.

- Doença clínica e morte do paciente: inicia-se a fase das manifestações propriamente dita da AIDS, a replicação viral não é interrompida. O sistema imune fica deficiente, ocorrendo o surgimento de tumores nos vasos, que podem ficar aparentes na pele, nas mucosas, nos linfonodos, e em outros órgãos, na forma de caroços. Podem ocorrer infecções oportunistas graves por fungos (Candida albicans entre outros), por bactérias (Mycobacterium tuberculosis, Listeria monocytogenes, salmonelas, estreptococos entre outras) e por outros vírus (herpes, varicela-zóster, vírus da hepatite B, entre outros), causando doenças, como pneumonia, tuberculose, hepatite, candidíase, herpes, infecções gatro-intestinais, nos ossos, no coração etc.

A carga viral no plasma se mantem constante por longo período de tempo, ou seja, no passo que alguns vírus são destruídos outros são replicados. E justamente este equilíbrio determinará o progresso da doença, quanto maior a carga viral mais rápido é o progresso para AIDS.


Fatores de Epidemia de AIDS


A AIDS foi inicialmente reconhecida na década de 80, em 1981, quando ocorria em homossexuais masculinos. Atualmente, a AIDS é uma epidemia de proporção mundial.

Segundo as Nações Unidas em conjunto com a Organização Mundial da Saúde, somente no ano de 2006 eram quase 40 milhões de pessoas vivendo com HIV/AIDS no mundo, sendo 2,3 milhões de crianças. Neste mesmo ano, morreram cerca de 2,9 milhões de pessoas com AIDS.

As infecções por via sexual acontecem em 90% dos casos. E diferente da década de 80, hoje este tipo de infecção acontece principalmente por relações heterossexuais.

No Brasil a AIDS foi detectada pela primeira vez em 1980 e demonstrou crescimento elevado até 1998.

Atualmente percebe-se uma tendência de infecção pelo HIV e presença de AIDS em populações heterossexuais, em mulheres e entre pessoas de baixa renda, além da incidência da AIDS na faixa etária de 13 a 19 anos, em meninas adolescentes principalmente, pelo fato do inicio precoce da atividade sexual com homens com maior experiência sexual e também maiores chances de exposição à contaminação por DSTs e AIDS.


Tratamento

Para o tratamento da infecção por HIV é utilizada uma combinação de diversos antivirais (drogas), popularmente conhecida como coquetel. Estas drogas interferem na fase em que o vírus está se replicando dentro da célula T CD4, com isso, inibe a replicação do vírus e não destrói a célula T, e finalmente não acarreta na diminuição da quantidade destas células defensoras, e atrasa um pouco o avanço da doença.

O tratamento deve ter início logo no começo da infecção para ter efeito.

Contudo, os antivirais apresentam inúmeros efeitos colaterais para o paciente, como doenças neurológicas, no fígado, no pâncreas, nas membranas celulares, diabetes, formação de placas de gorduras nos vasos, osteoporose. Doenças que podem comprometer a qualidade de vida do paciente.

No Brasil o tratamento com esses antivirais é totalmente gratuito, pelo SUS.

No caso de profissionais da saúde expostos ao vírus devido a um acidente, o tratamento deve ser iniciar rapidamente, no máximo em 72 horas.

A mãe HIV positivo que busca tratamento com estas drogas reduz as chances de transmissão do vírus para o feto, em 65% a 75%. Deve-se evitar o parto normal e optar por cesariana.


Prevenção

Como ainda não se tem vacinas anti-HIV é imprescindível evitar a disseminação deste vírus através de mudanças no estilo de vida que diminua ou elimine os riscos de infecção.

É recomendável que todos os doadores de sangue sejam testados, e que haja também uma educação, com fins preventivos, para o uso de preservativos nas relações sexuais e o não compartilhamento de seringas e agulhas por usuários de drogas injetáveis, bem como, na educação dos infectados por HIV para evitar a transmissão do vírus.


Bibliografia:
TRABULSI, Luiz Rachid; ALTERTHUM, Flávio. Microbiologia. 5.ed. São Paulo: Atheneu, 2008. p. 699-704.

Nenhum comentário:

Postar um comentário