27 de dezembro de 2010

Dengue clássica e dengue hemorrágica





A doença

A dengue é uma doença infecciosa causada por vírus transmitida necessariamente por um mosquito (vetor da doença). O principal vetor da dengue é o Aedes aegypti. A dengue não é transmitida de pessoa para pessoa.

Existem quatro sorotipos distintos do vírus, isso quer dizer que o vírus da dengue pode apresentar em sua estrutura composições protéicas distintas (proteínas conhecidas como antígenos), são eles: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Quando uma pessoa é infectada por um sorotipo de vírus seu sistema imunológico cria proteção contra este mesmo sorotipo e ao mesmo tempo imunidade parcial e temporária contra os três sorotipos restantes.

O A. aegypti adquire o vírus quando se alimenta do sangue de pessoas infectadas. O vírus pode ficar incubado no mosquito de 8 a 10 dias. Os mosquitos infectados também podem transmitir o vírus para sua prole (seus filhotes) através de seus ovos, porém é um mecanismo pouco definido na transmissão do vírus para os seres humanos.

Os seres humanos infectados são os principais reservatórios do vírus, servindo como fonte para mosquitos não infectados. O vírus circula no sangue de pacientes infectados de 2 a 7 dias após a picada do mosquito, o que faz gerar no paciente quadros de febre. Caso um mosquito se alimente neste período com o sangue deste paciente irá adquirir o vírus que poderá ser retransmitido a outra pessoa em uma nova ocasião de picada. No mosquito, os vírus se replicam nas glândulas salivares e no ato da picada o A. aegypti libera diretamente na circulação do hospedeiro (seres humanos) sua saliva contendo o vírus.



O ciclo de vida do mosquito




1. As fêmeas do A. aegypti depositam seus ovos em recipientes com água limpa, sob condições adequadas (lugar quente e úmido). O desenvolvimento do embrião ocorre em 48 horas, entretanto, os ovos embrionados podem suportar a seca por até um ano e serem transportados por longas distâncias grudados nestes recipientes.

2. As larvas deixam seus ovos (eclosão) e passam a viver na água por aproximadamente uma semana.

3. As larvas sofrem metamorfose, adquirindo asas deixam a vida aquática e transforma-se em mosquitos adultos que podem viver em média por 45 dias.

4. Os mosquitos adultos tornam-se aptos para procriarem já no primeiro ou no segundo dia após a muda.

5. Após o acasalamento as fêmeas passam a se alimentar de sangue para garantir o desenvolvimento de seus ovos.



O mosquito Aedes aegypti

Mede menos que um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas.


Fêmea de A. aegypti se alimentando em um hospedeiro humano. É possivel percerber o abdome do mosquito repleto de sangue ingerido.


Tem por hábito picar suas vítimas nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte, mas, mesmo nas horas quentes, ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa. Há suspeitas de que alguns ataquem durante a noite. O indivíduo não percebe a picada, pois no momento não dói e nem coça.

Segundo uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a fêmea do Aedes voa até mil metros de distância de seus ovos. Com isso, os pesquisadores descobriram que a capacidade do mosquito é maior do que os especialistas acreditavam. Até então, eles sabiam que o Aedes só se distanciava cem metros.


Os sintomas da dengue

Os primeiros sinais começam a aparecer após o período de incubação do vírus (picada e manifestação dos sintomas) geralmente a partir do terceiro dia após a picada do mosquito.


Há duas formas da doença: dengue clássica e dengue hemorrágica.

Dengue clássica:

- rápida elevação da temperatura do corpo (febre alta);
- fortes dores de cabeça;
- dores atrás dos olhos, que aumentam quando eles são movimentados;
- dores pelo corpo todo: dores musculares, nas articulações e nos ossos;
- perda do paladar e apetite;
- manchas e lesões na pele semelhantes ao sarampo;
- náuseas e vômitos;
- tonturas;
- cansaço extremo, moleza


Dengue hemorrágica:

Trata-se da forma mais violenta da doença. Os quadros são os mesmos da dengue clássica, porém quando acaba a febre surgem outros sintomas como:

- fortes dores abdominais que são contínuas;
- vômitos persistentes;
- pele pálida, fria e úmida;
- sangramentos (hemorragias) pelo nariz, boca e gengivas;
- manchas avermelhadas na pele;
- sonolência, agitação mental e confusão mental;
- sede excessiva e boca seca;
- pulso rápido e fraco;
- dificuldade respiratória;
- perda de consciência;

Na dengue hemorrágica pode haver o agravamento do quadro clínico e gerar no paciente insuficiência circulatória e choque (colapso na circulação sanguínea) e consequentemente a morte em até 24 horas.



Tratamento

Não existe tratamento específico para dengue, porém é feito um tratamento para aliviar os sintomas, como reposição de líquidos perdidos (hidratação oral, que deve ser feita durante todo o período da doença, principalmente na febre) e manutenção da atividade sanguínea.

O paciente deve ficar em repouso, beber muito líquido (inclusive soro caseiro) e não se automedicar, utilizar os medicamentos prescritos unicamente por seu médico.

Pessoas que já contraíram dengue clássica e reapareceram os sintomas só que a forma mais agressiva, podem estar com dengue hemorrágica, portanto devem procurar imediatamente o atendimento médico.


Controle e prevenção

Atualmente o único método de controle ou prevenção da transmissão do vírus da dengue está na luta contra os vetores, com isso deve-se eliminar possíveis criadouros onde as fêmeas do mosquito possam depositar seus ovos, isto inclui qualquer recipiente que permita o armazenamento de água limpa, desde uma tampinha de garrafa a uma caixa d’água destampada.

O combate ao vetor implica em todas as fases de vida do mosquito, como por exemplo, a utilização de inseticidas apropriados para combater larvas e formas adultas.

Ainda não há vacina contra dengue.




Epidemiologia e dados estatísticos

- A incidência de dengue no mundo tem aumenta na última década.

- Cerca de 40% da população mundial corre o risco de contrair a doença.

- A forma hemorrágica da dengue foi identificada pela primeira vez na década de 50, durante epidemias de dengue nas Filipinas e Tailândia. Atualmente a dengue hemorrágica afeta a maioria dos países asiáticos, causando hospitalização e morte de crianças desta região.

- Em 2007 foram notificados mais de 890 mil casos de dengue nas Américas, dos quais 26 mil eram dengue hemorrágica.

- A doença é endêmica em mais de 100 países da África, das Américas, do Mediterrâneo, da Ásia e do Pacífico Ocidental.

- A cada ano são hospitalizadas 500 mil pessoas com dengue hemorrágica, e uma grande proporção destes pacientes são crianças. Cerca de 2,5% dos infectados morrem.

- Se não tratada, a taxa de mortalidade por dengue hemorrágica pode superar 20%.

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