21 de março de 2012

Perda de peso efetiva

Comer em excesso invariavelmente resulta em um ganho de peso, seja qual for a fonte do excesso de calorias, que pode ser: carboidrato, lipídeo, proteína e até mesmo álcool.

Quando ganhamos peso nosso tecido adiposo (gorduroso) tende a produzir mais células e a aumentar o tamanho daquelas existentes. Sabe-se que pessoas realmente obesas possuem um número maior de células. As crianças obesas, mesmo que não apresentem um sobrepeso extremo, também tem mais células gordurosas (adipócitos).



Células do tecido adiposo, os adipócitos ou células de gordura.



Durante a perda de peso as células existentes somente encolhem, de maneira que, após a dieta, sobram muito dessas, agora pequenas células “famintas”, apenas esperando por uma chance para crescer novamente. A existência destas células famintas pode explicar porque razão muitas pessoas tem a tendência de recuperar o peso facilmente.

Na maior parte do tempo, as células do corpo dependem da glicose para obtenção de energia. Durante a noite, quando os níveis de carboidratos no sangue diminuem, as proteínas do sangue são degradadas no fígado para conversão à glicose. O tecido adiposo (gorduroso) também é degradado até certo ponto.

Durante uma dieta, o corpo começa a degradar massa muscular (proteína) para converter em glicose. Depois de alguns dias a uma semana, o consumo de nitrogênio torna-se excessivo e o organismo afasta-se de fontes de glicose e procura utilizar as gorduras do tecido adiposo. Essas gorduras são metabolizadas a ácidos graxos e glicerol, o qual fica disponível para conversão em glicose, sendo fornecido a tecidos que tem uma exigência específica por glicose.


Ácido graxo com 18 átomos de carbono (C)


Os ácidos graxos são normalmente convertidos a oxiácidos (ácidos com oxigênio) de cadeia curta, chamados de corpos cetônicos, como o β-hidroxibutirato e o β-cetobutirato, que são altamente hidrossolúveis (dissolvem em água) e circulam facilmente no sangue.

Os corpos cetônicos são excelentes nutrientes, pois eles entram diretamente na mitocôndria para metabolismo aeróbio (na presença de oxigênio).  O coração utiliza corpos cetônicos todo tempo. O tecido adiposo que cerca o coração e penetra nele fornece uma fonte de energia direta e eficiente para este órgão que trabalha ininterruptamente (sem parar).

Após um jejum de cerca de uma semana, o cérebro adaptaría-se ao uso de corpos cetônicos como nutrientes. Antigamente, acreditava-se que o cérebro somente pudesse utilizar açúcares. Neste momento a perda de peso torna-se bastante efetiva (no jejum).

Os corpos cetônicos são ácidos orgânicos relativamente fortes e com isso podem reduzir o pH do sangue, possivelmente causando acidose (aumento na concentração de íons de hidrogênio, H+, no sangue), desta forma pode tornar a hemoglobina (pigmento proteico encontrado nas células vermelhas do sangue) menos capaz de transportar oxigênio aos tecidos do corpo, porque dificulta a ligação entre ambos. No entanto, beber grandes quantidades de líquido faz os rins eliminar estes corpos pela urina no intuito de regular o pH do corpo. Então, nesta hora, perde-se peso efetivamente porque as calorias em excesso estão sendo colocadas para fora do corpo.

A cetose (concentração anormal de corpos cetônicos no organismo) ou a acidose prolongada pode ser perigosa (até fatais), devido à produção exagerada de urina e eliminação de minerais importantíssimo para o corpo humano, especialmente se a pessoa tem problemas cardíacos. Dietas supervisionadas evitam a cetose. Uma forma de perceber a cetose em um estado extremo é o gosto metálico (hálito de acetona) quando se levanta de manhã.


Fonte: Campbell, Mary K. Bioquímica. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 2000. p. 557.

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